sábado, 10 de outubro de 2015

Cultura, razão e emoção

“ Corrigimos a tua obra, baseando-a no milagre, no mistério e na autoridade.”
Quando Dostoiévski, na obra Os Irmãos Karamazov nos descreve o encontro de Jesus com o Grande Inquisidor, somos forçados a viver uma experiência subjetiva, emocional, que nos captura e nos força a viajar.
Percebemos, então, quão confusa pode ser a interpretação e a vivência de uma matriz social, ideológica e política.
A propósito das emoções e da viagem que invoco, atrás, constato que, não obstante o direito constitucional à educação e à cultura, não fosse a referência à fruição da criação artística, não seria possível vislumbrar na maioria dos documentos e textos que nos são disponibilizados, quer em sede de proposta quer em sede de programa ou plano de ação, a relevância e a importância que tem e deve ser legada à cultura, à arte e à sua criação.

Perceber que para além dos fenómenos económicos da criação de riqueza, da distribuição da mesma, da poupança e do consumo, mesmo num tempo de exageros, de disrupção e de propensão para o supérfluo, é fundamental, na definição das políticas de prossecução da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e da fruição do direito à igualdade de oportunidades de acesso à efetivação de um quotidiano digno, enriquecedor e feliz, estimular as experiências intelectuais condicionadas pelo acesso à educação e à cultura de modo mais extenso e “sério”, catalisa de modo substantivo a esperança num futuro mais solidário, tolerante, livre e justo.

sábado, 26 de setembro de 2015

Vulgaridades

Aproxima-se um tempo de decisão, de privilégio, de ilusão.
Antes, repetem-se convicções, promessas, ilusões. Antecipam-se ações, decisões, conclusões.
Captura-se o futuro. Invoca-se o amanhã, evocando, recorrente e constantemente o ontem.
Denunciam-se estratégias, presumidas, conhecidas, partilhadas, camufladas. Enunciam-se interesses, conjugando altruísmo, transparência e competência com o nós, reservando a conjugação do egoísmo, opacidade e incompetência, para o eles.
Confundem-se conceitos e subvertem-se preceitos.
Triste, triste teatro nos é dado a assistir.
Ouço, neste tempo, que antecede o outro, de decisão, de privilégio, de ilusão, doutos protagonistas, confundirem, de modo grosseiro e escandaloso, a noção de estado, de nação, de centro, de decisão, com consequências nefastas para a correta participação e efetivação do privilégio de ser e pertencer a este estado, nação, que, não obstante os erros, deve ambicionar a consecução de politicas e decisões que traduzam a razão de ser o conjunto solução da equação cuja variável não pode ignorar a nobreza adstrita a cada cidadão.


Amanhã, amanhã serei cidadão
Terei identidade, número, cartão
Estou convocado, ouvir-se-á o meu nome
Terei poder, direito, razão

Amanhã, amanhã serei cidadão
Serei nobre, mesmo sendo pobre
Igual, com identidade, número, cartão
Terei poder, de voto, de decisão

Depois, depois não
Terei identidade, número, cartão
Terei direitos, deveres, opinião
Não estarei convocado, serei afastado, haverá proteção

Depois, depois não
Sendo pobre, serei nobre, povo
Diferente, sem rosto, expressão
Não terei poder, de voto, decisão

Amanhã e depois – Jorge Ventura







sábado, 5 de setembro de 2015

Quero, Posso, SIRVO – Prerrogativas

“ Eu sou o caminho, a verdade,…”; “ Eu sou a luz do mundo…”.
Num acesso de leviandade e corrupção da minha condição de homem e cidadão, que tomo como um momento de distração, pensei subordinar o pequeno texto que, agora, redijo, ao título, Eu Quero,….
Esse momento, não obstante traduzir um episódio de limitada duração, representou um, mais um, dos inúmeros alarmes que, recorrentemente, me confrontam com a banalidade que me carateriza e, que tento, também reiterada e pretensiosamente, contrariar.
De imediato, porquanto a autoridade do eu, não ignorando a singularidade que lhe está associada, é prerrogativa dos homens únicos, corrigi a intenção, alterando, decorrentemente, o início do texto.
Ouso, assim, evocar duas expressões que, sendo para mim axiomáticas, foram enunciadas num tempo onde todas as hierarquias humanas vigentes foram subvertidas.
“ Os últimos serão os primeiros…”.
A realidade com que nos confrontamos quotidianamente, experienciada ou percecionada através dos diferentes suportes de difusão de informação, traduz, frequentemente, à imagem da minha distração, a subversão da moral social em que se alicerça a noção ética de humanidade, de sociedade, de Homem.
A ideia, avançada, desde logo, por alguns Filósofos da Grécia Antiga, de que é exemplo Aristóteles, que aconselha que nos comportemos com os outros como gostaríamos que eles se comportassem connosco, corroborada pelo Filósofo latino Séneca, que tendo sido conselheiro de Nero, recomenda que se distribuam os lucros ao povo da mesma forma que gostaríamos de os receber, determina que se entenda o exercício das prerrogativas de decisão, não como a fruição do direito de ordenar, mas como o dever de servir.


segunda-feira, 6 de julho de 2015

O NÃO Grego e a História da Civilização

O Estados, o Estado, que somos nós e os nossos interesses e ímpetos, multiplicados para a prossecução da organização, defesa, soberania, ordem e riqueza, tornaram-se, tornam-se fortes quando a sua segurança foi ou é garantida pela lealdade dos seus membros, num grupo federado eficaz e protetor.
É assim, desde a origem da civilização, num desafio constante, onde a opinião pública, decorrente da divisão, do medo, da apatia, e do culto (universal) da obtenção de vantagem e riqueza, perde força, legando à fertilidade da incompetência, expressão abusiva, à qual a história tem legado protagonismo, o definhamento da evolução e desenvolvimento social.
A história ensina-nos que o excesso, os excessos, dão origem à escassez. A decadência moral da Roma antiga sob Nero e outros imperadores, foi seguida pela ascensão do cristianismo, constituindo a sua adoção e proteção por Constantino, uma fonte salvadora da ordem e da decência.
“O período que mediou entre o nascimento de Péricles e a morte de Aristóteles”, escreveu Shelley, cerca de 1820, “é (…) o mais memorável da história do mundo”. Atenas dominava essa época da história da civilização, porque conduzira os Gregos à vitória sobre a Pérsia em Maratona (490 a.c.) e Salamica (480), emergindo dessas adversidades com meios para controlar os seus antigos aliados e os seus meios financeiros.
Hoje, num outro tempo, no nosso tempo, Atenas volta a ser protagonista.

À Europa



segunda-feira, 15 de junho de 2015

Nada, como eu

Confesso que me comovem os Homens simples, de imagem e postura esculpidas no ateliê do sorriso fácil e olhar expressivo, ávidos de atenção, de momentos de subversão do status da ausência, dolorosa, porque decorrente da indiferente presença de outros, de confusa proveniência, mas de diversa proeminência, postura, e até, prepotência.
Esses, os que me comovem, cujo tempo socalca o rosto, endurece a pele, subtrai o esmalte e ofusca o brilho, mendigam o tempo, de partilha, comunhão, participação.
Presentes, estão ausentes, ocupados em tarefas importantes, relevantes, que não dispensam o uso da mão, gretada e forte, desses, ausentes, sempre presentes, mendigos do tempo, de atenção, reconhecimento, gratidão.
Esses, os que me comovem, ocupam o espaço, vazio, na multidão da indiferença, olham em redor, com olhar expressivo, e percebem a ausência da consciência da sua presença, são nada, nadas, numa solitária existência, individual ou adicionada, mas cuja soma é, invariavelmente, nada.
Suceder-se-ão os dias, os meses, os anos, e esses, os que me comovem, limitados no tato, no afeto, na atenção, continuarão a ver subtraída a razão adstrita à nobre ilusão de, sendo o que são, serem, como os outros, parcelas de uma mesma adição.

Aos Homens simples


sexta-feira, 12 de junho de 2015

Da inexorável timidez ao inelutável disfarce

Hoje quero ser injusto, desculpa. Hoje, consciente e deliberadamente quero ser injusto, só hoje, agora, agora que não estás presente, agora que te fazes notar, ausente.
Quão falsas a humildade e discrição com que te aproximas, invades o espaço, condicionas os dias, discreta, protegida, escondida, sempre escondida, deixando que outros, na efetivação de uma seleção criteriosa de pessoas, circunstâncias, momentos ou, até ele, lindo, vermelho, gigante, escaldante, num qualquer fim de dia junto ao mar, façam sentir a tua presença, a tua vontade de ser extasiante, querida, desejada, apaixonante, para depois, quando partes, deixares o rasto da ressaca da ausência, do medo, medo de não poder ter, ver, ser.
Chegaste cedo, muito cedo, à primeira alvorada, disfarçada, sempre disfarçada, de um beijo, um abraço, de uma cócega, que de tanto rir, quase torturava.
Ficaste ali, junto de mim, percebendo que a minha imaturidade não permitia ver, perceber, sentir o que estava a acontecer, porquanto sem exigência ou contrapartida estavas presente, desde que acordava até que me deitava, embalado pelo teu abraço camuflado, disfarçado de um beijo, um sorriso e um desejo.
Fui injusto, sei agora. Mas tu, madura, vivida, sempre discreta, escondida, nunca me alertaste, nunca me chamaste, à razão, à razão de ser grato, justo, consequente, presente.
Por isso, hoje, hoje quero ser injusto, contigo, que nunca tiveste a coragem de aparecer sem o disfarce de um beijo, um abraço, um amigo, num momento meu, só meu, contigo.
Desculpa, desculpa a dureza do discurso, mas só quero, sendo justo, poder agradecer o quão, mesmo quando ausente, te fizeste sentir presente.


Carta à felicidade.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Ilusão ou, a real importância do sufixo

Frequentemente ouço/oiço falar de educação. Modelos, sistemas, metas, avaliação, formação e, permitam-me, acrescento eu, confusão.
Adoção, investigação, transição, retenção, aprovação, reprovação e, permitam-me, acrescento eu, confusão.
Terminação. À imagem de um qualquer jogo de sorte, na redação, enquanto processo de construção de um texto, palavra ou expressão, a disposição, sucessão dos elementos matriciais, prossegue a inteligibilidade, constituindo os sufixos, independentemente do tipo, um relevante instrumento do processo.
Discursos, ora vazios, porquanto isentos de densidade, conhecimento, noção da, ou do que consubstancia a ação, que se entende educativa, ou, alternativamente, demasiado axiomáticos, peço desculpa pela dimensão redutora da dicotomia, que não é, obviamente, totalmente correta, alicerçados num conjunto de verdades, tidas como absolutas, que conferem ao discurso uma dimensão dogmática de crença, traduzem, permitam-me, acrescento eu, confusão.
O Ensino, enquanto ação sistemática de transmissão, qual ciência da inventariação do que existe e das relações, múltiplas e complexas, com a razão de ser, fundamental, saber, compreender, aprender, desenvolver, ser, ser capaz, parece, muitas vezes arredado desta discussão, permitam-me, acrescento eu, confusão.
Há dias ouvi falar de educação, corrijo, a expectativa era ouvir falar de educação, não obstante, talvez por deformação, minha, obviamente, não, julgo não ter ouvido falar de educação.
Territorialização, dimensão espacial da educação, ouve-se falar. Bem sabemos que “estamos a caminho de um território marítimo 40 vezes superior ao terrestre, 97% de Portugal é mar”, talvez por tal motivo, o extraordinário poder semântico do aumentativo ão, determinará a confusão. Talvez sim. Corrijo, talvez não.
Iremos falar de educação.




segunda-feira, 8 de junho de 2015

Da ortodoxia da 1.ª pessoa à ausência de métrica

Chego, sem convite, sem me anunciar
De modo, ora brusco, ora devagar
Surpreendo, perturbo, chego a acriançar
Ninguém, não importa o género, consegue ignorar

Chego, violentamente, mas sem magoar
Promovo mudanças, condiciono tudo, chego a abusar
Confesso, sou a responsável, não posso negar
Acusam-me, acusam-me até, de quase matar

Invocam o meu nome, não posso evitar
Quando me maltratam, fico a pensar
Cometem um erro, não posso alertar
Se me evocarem, posso lacerar

Terrível rotina, ouço comentar
Esgotei o meu tempo, dizem, a soluçar
Não, não acredito, não posso acreditar
Um dia regresso, e quero ficar


Paixão – Jorge Ventura

sábado, 6 de junho de 2015

O admirável mundo do ERRO

Desconheço quando, onde e porque aconteceu o meu momento, único, irrepetível, pessoal e intransmissível. Só meu.
Num mundo extraordinário, onde as leis da concorrência, a regulamentação competitiva e a exatidão matemática não observam nenhuma norma estabelecida, ele aconteceu.
Num caminho de direção única e de sentidos opostos, nesse mundo, extraordinário, de onde venho, dois desconhecidos, homologaram uma relação para a vida, subvertendo a matemática e a gramática conhecidas. Unidos, puderam dizer de modo determinado e confiante, o nós, sou eu e, um, dois, três, quatro ou, até cinco, podem ser a soma de uma mesma adição.
Emancipação, autonomia, vida, nova vida, nesse mundo, extraordinário, de onde venho, e, de onde, num golpe, treinado, de uma qualquer mão, numa cisão, corte, me roubaram.
Chorei, gritei, senti pânico e acalmei, quando me aproximaram da sua atmosfera, desse mundo, extraordinário, onde o oxigénio existe em estado líquido e o inverno não se distingue da primavera.
Emancipação, autonomia, vida, nova vida. Num segundo momento, eu, num novo mundo, onde o oxigénio existe em estado gasoso e o inverno se distingue da primavera, novamente, único, irrepetível, pessoal e intransmissível. Só meu.
Voltei a chorar, a gritar, a sentir intranquilidade e a paz do abraço atmosférico desse mundo, extraordinário, de onde venho.
Neste mundo, novo mundo, estudei Matemática, gramática, Economia, Filosofia e Astronomia. Aprendi rudimentos, vivi novos momentos, repetidos, partilhados, gratificantes, gratificados. Vivi. Vivo, neste mundo, novo mundo, emancipado, onde, ainda choro, rio, abraço, sou abraçado, pela vida, iniciada, num momento, desconhecido, já longínquo, mas recordado, onde o erro, hoje, ainda hoje, é apaixonadamente procurado.

À vida.



domingo, 31 de maio de 2015

Obrigado

Regresso a outubro de 1976, a uma manhã como outras, onde, acompanhado, protegido, asseado, humildemente asseado, de mochila aos ombros, na qual um cão, um caçador e uma espingarda, tatuados num plástico de má qualidade, que revestia o papelão de que era estruturada, descobri mais tarde, que me acompanhariam, num vai e vem, diário, tranquilo, despreocupado, modesto, iniciava um percurso, de responsabilidade, sucessos, insucessos, vitórias, derrotas, de vida.
Aldina, Professora Aldina, figura austera, distante, fria, também próxima, meiga, maternal, num paradoxo alicerçado na missão, nobre missão, atriz, num palco, estrado, vazio, desprovido de cor, adereços, ficção, onde dia após dia, se ensinava, aprendia, ria, chorava, sentia, medo, proteção, ilusão, frustração.
Aldina, professora Aldina, tantas vezes reconhecida, ignorada, louvada, esquecida, mas sempre, responsável, corresponsável, comprometida e, por mim, por tantos, sempre lembrada.
Aos meus professores.


(Des)materialização da imagem

Conquistámos mundos, novos mundos, transpusemos obstáculos, cruzámos cabos, tormentas, rasgámos mares, desventrámos oceanos, perseguimos luas, planetas, galáxias, desejamos ver, captar imagens, percecionar estímulos, violar fronteiras, vencer o opaco.
Temos pressa, urgência, de conquistar o espaço, os espaços, animados, inanimados, reais, ilusórios, acreditamos que “ uma imagem vale mais que mil palavras”, como pensava Confúcio.
Vemos e ouvimos, rápido, muito rápido, ignorando que o que nos chega através dos sentidos são “realidades” em bruto, “imagens” vazias, ocas, desprovidas de sentido, propriedade, coerência, congruência, alma, nomeação, identidade.
Somos nós, porque pensamos, logo, porque existimos, carregando referenciais, num cartesianismo empírico, que construímos, damos corpo, alma, nomeação, identidade, expressão, tangibilidade, ajudados pela luz, fonte de vida, que nos ilumina os dias e dá cor ao vácuo.
Somos nós que lemos um livro, observamos uma TAC, olhamos o céu, que lhe conferimos verdade, cor, corpo.
Uma palavra pode valer mais que mil imagens.


quinta-feira, 28 de maio de 2015

Desesperança num poema heterodoxo

Sentir-te, perceber-te, inspirar-te
Presença cómoda, maternal, fiel
Acomodar-te, ouvir-te, escutar-te
Tranquilizar, poder pensar, sonhar

Vislumbrar futuro, vida, sobrevida
Reviver memórias, sorrir, acreditar
Sentir-se inspirado, confiante, motivado
Vivo, iludido, preparado

Perceber que não, sentir o contrário
Escutar a ansiedade, o silêncio, a ausência
Ficar intranquilo, triste, perturbado
Recear ter medo, não estar preparado

Deixar de sonhar, de vislumbrar futuro
Viver o presente, amarrado ao passado
Sentir desconforto, dor, estar abandonado
Não acreditar, sentir-se vazio, acabado

Desesperança – Jorge Ventura




terça-feira, 26 de maio de 2015

19, um primo, distraído, na aritmética da vida

Inexoravelmente, enquanto me ocupo da redação do pequeno texto, agora, partilhado, o tempo, o meu tempo, graciosamente doado, legado, adicionado a uma soma de aferição difícil, de finitude axiomática ou, de infinitude dogmática, vai sendo consumido, à imagem do oxigénio, fonte de energia e de vida, celular, pluricelular, complexa, humana, que, concomitantemente inspiro, consumo, transformo num metabolismo tão assintomático quanto a álgebra do tempo.
Distraído, não equaciono as variáveis enunciadas, traduzidas pelo volume de oxigénio consumido por unidade de tempo, porquanto parecem não importar, como se fossem extrínsecas à vida, ao tempo, ao teorema da existência, de demonstração e aplicação complexas.
Vivo, sobrevivo, alheado, afastado, distante do que é importante, determinante, fundamental, vital.
Distraído, continuo o caminho, acreditando que a vida, se regulará por si, onde o eu, não se distinguirá de uma realidade metafísica, ontológica, concebida como tendo uma natureza comum, inerente à condição de ser, enquanto ser, independente de mim.
Distraído, distancio-me, num afastamento contínuo, do que importa, do que alicerça a individualidade, a vontade, a razão, de ser, de sentir, de ganhar e de perder, corolários óbvios do que significa viver.
Será o fado, o meu fado, o destino, que me traz à memória a importância da décima nona letra do alfabeto, alicerce da tantas vezes cantada, traduzida, vivida convicção de que o tempo, não obstante adicionado, pode ser apenas, passado.

Prosa à Saudade.


quarta-feira, 15 de abril de 2015

Ausência

“ Desculpe-me a presunção, toda a vida achei que o silêncio tem cor, cheiro, temperatura, gosto, e, por isso, o que gostava mesmo era de ser o silêncio que fica.”
In Diário de um Psiquiatra, Revista do Expresso, 11.abril.2015

Recordamos momentos, vivências, alegrias, euforias/evocamos tempos/vividos, experienciados, conhecidos, consumidos./ Vivemos o tempo/presente, legado, subsequente, condicionado/por ele/já ausente, esgotado/tão presente, porque lembrado./ Somos nós, animados, desanimados, sós, acompanhados/somos nós, presentes, ausentes, ruidosos, calados/interventivos, passivos, somos nós./ Carregamos memórias, histórias, vitórias/derrotas./ Somos nós/hoje/resgatados, altivos, vergados/roubados ao tempo, ausente/determinante, tão presente./ Somos nós/hoje/ maduros, privilegiados/porque, mesmo sós, estamos sempre acompanhados.

À Avó Leopoldina/ Ao(s) silêncio(s) que fica(m)


Ausência - Jorge Ventura 

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Omnipresença

Evocamos momentos, acontecimentos, eventos.
Comemoramos, confraternizamos, viajamos.
Existimos.
Porque pensamos?
Porque amamos?
Existimos porque estamos e somos, presentes, omnipresentes.
Simulamos fugas, ausências, desencontros, esquecimentos. Tentamos.
Julgamo-nos ausentes. Qual dolorosa presença, omnipresença.
Existimos.
Porque pensamos?
Porque amamos?
Erro?, Ilusão?, obviamente, não.
Tentamos, num processo de abstração, separar as ideias dos objetos, das pessoas, de nós. Tentamos fugir. Tentamos negar, tentamos esquecer, esquecendo que o esquecimento eterniza a presença.




domingo, 29 de março de 2015

Educação 05

Na sequência do concurso de educadores de infância e de professores dos ensinos básico e secundário para o ano escolar 2015/2016, a que pode ser opositor quem possuir habilitações profissionais legalmente exigidas para a docência no nível de ensino e grupo de recrutamento a que se candidata, relevando para efeitos de graduação, a classificação profissional e o número de dias de serviço docente ou equiparado avaliado com a menção qualitativa mínima de Bom, nos termos do ECD, contado desde 1 de setembro do ano civil em que o docente obteve qualificação profissional para o grupo de recrutamento, percebo que os docentes, porquanto possuem qualificação profissional para um grupo de recrutamento, nos termos do Decreto-Lei n.º 27/2006, de 10 de fevereiro, que têm satisfeito as necessidades temporárias das escolas/agrupamentos de escolas, na qualidade de técnicos especializados, nas áreas de natureza profissional, tecnológica, vocacional ou artística, nos ensinos básico e secundário, não veem, o seu tempo de serviço considerado, validado, para os efeitos de graduação.
Por tal motivo, permitam-me que, humildemente, ouse manifestar a minha simples e inócua opinião, que se alicerça no que decorre do ECD, do regime de recrutamento e mobilidade do pessoal docente dos ensinos básico e secundário, de formadores e técnicos especializados, do regime jurídico da habilitação profissional para a docência e, ainda, da regulamentação do sistema de avaliação de desempenho docente, onde, não obstante o Decreto Regulamentar n.º 26/2012, de 21 de fevereiro, ser omisso, os técnicos especializados, de disciplinas de natureza profissional, tecnológica, vocacional e artística, também, estão sujeitos à avaliação, porquanto se deverá proceder à avaliação de todos os contratados que desenvolvem atividades letivas, em disciplinas das áreas profissionais, tecnológicas, vocacionais ou artísticas dos ensinos básico e secundário.
Assim, julgo que a não consideração do tempo de serviço prestado nas funções letivas adstritas ao grau de complexidade funcional dos técnicos especializados, não expressa, a valorização profissional destes técnicos, que, julgo justo, considerar professores.



sábado, 28 de março de 2015

Confiança, (n)um poema heterodoxo

Porque conheço, não penso,
Não peço, não exijo, não questiono;
Porque conheço, não temo,
Não peço, não exijo, não questiono.

Porque conheço, relaxo,
Tranquilizo, acomodo, respeito;
Porque conheço, avanço,
Tranquilizo, acomodo, respeito.

Porque conheço, acredito,
Não penso, não temo;
Porque conheço, confio,
Relaxo, avanço.

Avanço, porque conheço,
Conheço, porque não temo,
Não temo, porque acredito,
Acredito, porque não penso.


Confiança – Jorge Ventura

(Des)Confiança

A propósito de um dos acontecimentos mais mediáticos e trágicos da semana, alguém partilhava a ingénua, mas recorrente, expressão da ilusão do regresso ao passado, mesmo que imediato.
Como seria diversa, dir-se-á, a vida, se, a posteriori, se pudesse mudar o curso da ação do Homem no tempo e, no espaço, isto é, a história.
A (des) confiança, porquanto projeta, no futuro, vivências e apropriações vividas e construídas no passado, desnuda qualquer faustosa e narcísica assunção de superior relevância.

A (des)confiança, subverte o conceito de (in)dependência e racionaliza um dos mais importantes princípios, o da igualdade.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Razão

Num tempo de comemoração da ressurreição e de vitória, da vitória da vida eterna sobre a caducidade, importa, porque “a história é um espaço de maturação progressiva, o homem é indefinidamente perfectível e, o tempo é orientado de modo linear”1, reconhecer, à razão, a sublime condição de instrumento da modernidade, matriz deste tempo, deste nosso tempo, “alicerçado na razão crítica, na autonomia do sujeito, na universalidade e na laicidade”2.
Importa, ainda, não esquecer que a emancipação do indivíduo e da sociedade da tutela da religião, se alicerçou na igualdade, liberdade, fraternidade e, na separação dos poderes espiritual e temporal, consubstanciando, assim, e apenas, uma transferência de legitimidade, dando à ética espiritual de Cristo uma encarnação temporal, num espaço e, num tempo Cristão.
Perceber o contexto, conhecer a história e validar as premissas, à luz da razão, garantiu, garante e garantirá o contínuo advento de um novo tempo, tempo que é nosso, novo e passível de renovação permanente.

1Bernard Le Bovier de Fontenelle.


2Frédéric Lenoir.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Nobres fins, Pobres meios

A concertação, porquanto pressupõe a participação efetiva e intencionada na tomada de decisão, que traduz, idealmente, a satisfação dos interlocutores e, frequentemente, a subordinação e sobreposição de interesses, vontades, vaidades, determina, recorrentemente, a adoção e legitimação da contradição, da contraordenação e, da leviana e irresponsável tentação de instrumentalização da razão que se prosseguia, na conciliação.
A notícia, as notícias, o noticiário, os noticiários, o jornalismo e os jornalistas, acrescentam, adicionam, multiplicam e comunicam, muito frequentemente, a errática, incorreta e insensata materialização da intenção de ser, notícia, mesmo que, peço desculpa pela provável incorreção, sem razão.

Ler, ouvir e assistir à discussão de factos e circunstâncias, nos jornais, rádio e televisão, não me permite concluir, senão, que os fins, por vezes, teriam razão para dizer, se lhe fosse permitido, assim não.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Pai, (n)um poema heterodoxo

Hoje quero ser, quero ter
Quero abraçar, segurar, quero dizer
Hoje, hoje temo não parecer
Parecer ousar poder merecer

Hoje quero estar, quero olhar
Quero segurar, rir, chorar, contagiar
Hoje, hoje temo não parecer
Parecer ousar poder merecer

Hoje quero mudar, quero ser
Pai, marido, quero dizer
Filha(o), hoje quero merecer
Merecer ousar poder ter


Pai - Jorge Ventura

segunda-feira, 23 de março de 2015

Ética

“ És tu o Rei dos Judeus?”
Ousei, a propósito da importância da interrogação, invocar a ciência, no texto de 21 de março. A interrogação que, acima, explícito, lembra-me a expressão de Joseph Klausner, “ aqui termina a vida de Jesus e começa a história do Cristianismo”, e esta, por sua vez, a lei de Lavoisier, segundo a qual, nada é possível criar ou eliminar, apenas transformar.
Hoje, tal como ontem, acreditamos no advento inelutável de uma sociedade justa e harmoniosa. Cito, recorrentemente, a dicotomia que, não raras vezes, perceciono na sociedade, onde a evolução, o progresso científico e tecnológico, não foi acompanhado do progresso moral. Não nascemos maus, naturalmente, e, de igual modo, não nascemos bons, providencialmente.
Não obstante, nascemos, indubitavelmente, capazes de aprender a ser, e a fazer, o bem. A razão e o compromisso com a prossecução da correção, contribuirão, claramente, para a transformação.



domingo, 22 de março de 2015

Educação 04

Ontem, 21.03.15, na sequência de um debate, que julgo, ter ocorrido em Lisboa, subordinado ao tema, Educação, Democracia e Desigualdades, um jornal diário, “de referência”, disponibilizou, um artigo jornalístico sob o título, “Esta escola já acabou” e é preciso” um pensamento novo”, ideia defendida pelo ex-reitor da Universidade de Lisboa, nesse mesmo debate, de acordo com o entendimento e convicção que, não ignorando poder estar errado, fiquei. Terá dito, o senhor professor, que acredita numa escola que permita a cada aluno construir o seu próprio percurso formativo. Para o orador, “o ponto central desta revolução que está em curso é conseguir que cada criança tenha o seu próprio percurso educativo”, porquanto, “só assim poderemos atacar o insucesso e o abandono escolar”.
Permitam-me, desde logo, que evoque o texto que, sob o título, Educação 02, publiquei, em 17.03.15, a que acrescento, o que, internacionalmente está determinado, que obriga, a todos, os que têm responsabilidades na área da educação, a considerar os superiores interesses da criança/aluno como matriz diretora da sua ação. Está, repito, internacionalmente estatuído, que a criança tem direito a receber educação escolar, que lhe permita, em igualdade de oportunidades, desenvolver as suas aptidões. Está, ainda, consagrado o direito à proteção de qualquer prática que possa fomentar discriminação de qualquer índole. Responder às necessidades resultantes da realidade social, garantindo o direito a uma justa e efetiva igualdade de oportunidades, é a obrigação, inalienável, que urge cumprir.
Estimular as capacidades de cada criança, assegurar uma formação geral comum, proporcionar a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades que permitam, a todos, o prosseguimento de estudos superiores, ou o acesso a uma formação profissional capaz, assegurar o desenvolvimento do raciocínio, da reflexão crítica e da curiosidade científica, são dimensões da ação que, repito, a todos, urge cumprir, e que, peço desculpa, não são compagináveis com irreverentes vacuidades, não obstante, traduzirem a melhor boa vontade.











sábado, 21 de março de 2015

Memória

A vida e as vivências que lhe estão associadas, exigem condições metabólicas de diferentes tipos, determinando, definitivamente, a existência de uma química que nos anima, fortalece e autonomiza.
Da capacidade de obter, classificar e reter informação, decorre a fruição da liberdade, da independência, da autonomia, sendo, ainda, necessário garantir que a mesma esteja acessível, disponível para ser (re)visitada sempre que seja oportuno.
O compromisso com a “obtenção” de condições de efetivação da felicidade, constitui, hoje, um objetivo que partilhamos, tendo mesmo, determinado uma “resolução” da Assembleia das Nações Unidas, “ conscientes que perseguir a felicidade é um objetivo humano fundamental”.
Ontem, comemorou-se o Dia Internacional da Felicidade, que, hoje, quando se comemora o Dia Mundial da Poesia, evoco, em Pessoa.

Se estou só, quero não estar
Se não estou, quero estar só
Enfim, quero sempre estar
Da maneira que não estou.

Ser feliz é ser aquele
E aquele não é feliz
Porque pensa dentro dele
E não dentro do que eu quis.

A gente faz o que quer
Daquilo que não é nada
Mas falha se não fizer
Fica Perdido na Estrada


Poema da Felicidade – Fernando Pessoa

Ciência(s)

Será razoável acreditar que a afinidade, pelo que traduz e influencia, determina, constituirá a causa mais provável da redação do pequeno texto que, agora, escrevo.
Será, igualmente, crível julgar que a comunhão de interesses constituirá a razão de ser da empatia.
Será, finalmente, verosímil crer que o modo como se encontram soluções para as pequenas situações ou, para os grandes dilemas, legitimará a comunhão de interesses.
Não sendo unânime, é comummente aceite que o sucesso se alicerça e justifica na construção de respostas assertivas para os problemas que nos vão sendo colocados. Crescemos condicionados e pressionados pela necessidade de responder de modo correto a questões, problemas, exercícios. Certo, constituiu-se como um dos vocábulos mais determinantes na fruição da felicidade e autoestima das crianças, adolescentes e jovens.
Não obstante, por mais inteligente e conseguida que seja uma resposta, é na questão que a determinou que reside a razão e, a razão de ser, da sua existência e necessidade.
Questionar, intrigar, construir boas questões é, em oposição à busca de boas respostas, o maior catalisador do desenvolvimento.

Por que…?, em oposição ao porque…, constituirá, assim, muito provavelmente, uma das principais causas pelas quais é possível ler, ter acesso, a este pequeno texto.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Consciência



A noção dos riscos associados à observação do eclipse solar de amanhã, porque determinará a adoção de atitudes responsáveis, de proteção e de limitação da punibilidade da negligência, remete-nos para a capacidade, intrínseca, à condição humana, de perceber a relação de cada um com o ambiente, e do comportamento a observar na presença, proximidade, de uma circunstância que não depende da nossa vontade ou ação, independente, numa palavra, a capacidade de conhecer o limite do nosso comportamento. Curiosamente, também, em Matemática, o conceito de limite, é usado para descrever o comportamento de uma função na proximidade de um determinado valor da sua variável independente, o que nos lembra a necessidade de avaliarmos, aferirmos, medirmos, a cada momento, os riscos da nossa conduta, isto é, ter consciência dos mesmos. 

Educação 03

Quando, em sede própria, se priorizou, no âmbito da, presumivelmente necessária, reforma administrativa e local, a área da Educação, definindo, como instrumento, a delegação de competências nos Municípios, assumindo de modo tácito e, desde logo, a intenção de promover a substituição do centralismo pela autonomia, a existência de consensos alargados e, a observância da estabilidade e da confiança nas escolas, importaria, permitam-me a ousadia, programar ações partilhadas, participadas e apropriadas por todos. Importaria, ainda, garantir que as ações fossem suportadas, não negligenciando os princípios da prossecução do interesse público e da proteção dos direitos e interesses dos membros das comunidades educativas, em instrumentos contratuais precisos, objetivos e herméticos, no que concerne à possibilidade de, a qualquer momento e, mesmo que, de modo muito capaz, alguém, arbitrariamente, pudesse alterar o articulado do(s) contrato(s).

A Educação, por força da nobreza da missão que lhe está confiada, da densidade crítica que encerra, da expressão e relevância universais, porquanto a todos compromete e convoca, traduz e concretiza a visão, de estado, de nação e de sociedade que a promove e perceciona.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Economia 01


Quando, há dias, Fui confrontado com uma expressão, acredito descontextualizada, senão enviesada, do que terá sido enunciado pelo Sr. Presidente de uma instituição bancária, recentemente recetora de um montante financeiro significativo, de origem pública, referente à sua necessária capitalização, traduzida por, “Não sei quanto vale o Banco, mas como se diz lá em casa, vale aquilo que derem por ele”, não pude, não ignoro, muito provavelmente, de modo injusto e incorreto, deixar de avaliar como irresponsável, ou mesmo incompetente, a ação do Sr. Presidente.

Numa Economia de Mercado, onde o estado, regulador, por razões certamente atendíveis, não terá conseguido, de modo eficiente, salvaguardar os interesses dos mais diversos agentes económicos, importa, desde logo, que os mais habilitados responsáveis não incorram em despropositadas ações que desacreditam, abalam e comprometem, ou podem comprometer a melhoria, necessária, desejável e, acredito, legitimamente expectável da situação das instituições, do país, das pessoas.

terça-feira, 17 de março de 2015

Educação 02


É recorrente, cíclico e repetitivo, o discurso que todos, ou quase todos, suportados na riqueza das experiências que nos vão sendo proporcionadas, nos estudos com que somos confrontados ou, ainda, na legítima proteção de interesses individuais ou corporativos, vamos garantindo, na ordem do dia, de um qualquer programa de governo, reivindicação profissional ou discussão “pública” a respeito do tema, Educação.
A natureza cíclica e repetitiva traduz, numa primeira dimensão, a dinâmica da organização político-administrativa de uma sociedade moderna e desenvolvida, como julgamos ser a portuguesa, e numa segunda dimensão, a relevância que, indiscutivelmente, a educação assume no mesmo desenvolvimento.
Assim, sendo justo reconhecer a importância do trabalho desenvolvido nas escolas, nas famílias, nas comunidades, nas organizações profissionais e político-partidárias, quer no exercício do poder adstrito a quem, legitimado pelos processos eleitorais, governa, quer no exercício da supervisão de quem, igualmente legitimado, faz oposição responsável, importa, de modo determinado, diligente e comprometido, prosseguir a correção do que, não obstante o já realizado, ainda carece de atenção, melhoria e/ou alteração.
Assistir, hoje, às assimetrias que ainda subsistem nas condições que são garantidas às nossas crianças e jovens, resultado de uma preponderância da quota-parte de responsabilidade que, preferencialmente, de modo inalienável e irrenunciável, compete às famílias, constitui prova maior do que, na prossecução da efetivação de uma sociedade justa, livre e solidária, ainda é urgente realizar em matéria de educação.



domingo, 15 de março de 2015

Tolerância


Na aprendizagem de uma língua, importa, desde logo, adquirir competências comunicacionais, fundamentais para a plena integração, a salvaguarda da fruição de direitos e a efetivação da compreensão mútua, por sua vez, essencial para a materialização da tolerância. Não por acaso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos destina, à Educação, a nobre missão de favorecer a compreensão e a tolerância, salvaguardando o direito ao repouso e aos lazeres.
O domingo, surge, assim, como um dia essencial à proteção dos direitos, para que nunca nos sintamos compelidos, em supremo recurso, à subversão da tolerância.


sábado, 14 de março de 2015

Liberdade

Circunstâncias aparentemente negligenciáveis, irrelevantes, veem a sua importância exponenciada se não forem responsavelmente consideradas. A pergunta, por que razão é, hoje, sábado?, simples, aparentemente óbvia e de resposta imediata, encerra uma complexidade maior, observando os movimentos de rotação e translação da terra, decorrendo, também, de assunções de natureza diversa da cientifica, não obstante, complexas, densas e extraordinariamente ricas.
O modo como se entende, hoje, a sucessão dos dias, a apropriação dos mesmos, os ciclos de trabalho e descanso, os direitos laborais e, até, a dignidade adstrita à condição humana, sucede a tempos e episódios imemoriais onde a vida, a vivência e convivência quotidianas e o delito, também de opinião, eram entendidos de modo diverso ao que assumimos, nosso.

Qualquer soma, por mais expressiva que seja, não será a mesma, se uma pequena parcela, mesmo que aparentemente negligenciável, lhe for subtraída. 

sexta-feira, 13 de março de 2015

Solidariedade


Há dias assim, em que os pronomes pessoais assumem relevância superior, em que congregam e traduzem vontades, propósitos tangíveis, mesmo se, e porquanto incorporam manifestações intelectuais de natureza intangível. Hoje é o(um) dia Nacional do NÓS. Seremos confrontados com a mensurabilidade do mesmo, traduzida em percentagens, obviamente diversas, divergentes, iludíveis, porquanto tentativas ilusórias de atribuir valor absoluto à tradução da de uma das mais nobres manifestações sociais.
Hoje estamos juntos, somos nós, estamos unidos, comprometidos, não importa se pelo sim, porque sim, pelo não, ou porque não, importa apenas que sentimos que somos, hoje, uma nação, onde a liberdade alicerça de modo indelével a razão.


quinta-feira, 12 de março de 2015

Educação 01

Amanhã, ouviremos falar de Educação, será notícia a(s) escola(s), terão voz os alunos, os pais, os docentes, os não docentes, os governantes e as organizações profissionais. Falar-se-á de Educação.
Recorrentemente, tal como amanhã, invocamos a Educação, ora como paixão, primado de ação, ora como meio, instrumento de aferição, ora como causa, de boa ou de má decisão.
Realizamos estudos, publicamos dados, regulamentamos currículos e ensaiamos projetos. Ambicionamos o saber, descurando tantas vezes o ser.
Amanhã não será um bom dia para se falar de educação, para perceber o que a aproxima do ensino, o que a afasta da instrução e, finalmente, o que lhe garante a força da razão.

Amanhã será um bom dia para voltar a pensar na educação. 

quarta-feira, 11 de março de 2015

Justiça

Frequentemente, na sequência de uma qualquer decisão que decorra de uma circunstância de interação social em que o equilíbrio harmonioso e imparcial entre os interesses das pessoas envolvidas foi quebrado, somos confrontados com o conceito de (in)justiça, percebendo, de modo inequívoco, que a alusão ao mesmo decorre, muitas vezes, da não assunção de responsabilidade no desequilíbrio verificado, daí a não assunção do ónus, por vezes decorrente.
Assim, e porque as quebras no equilíbrio são, frequentemente, consequência direta da materialização quotidiana da(s) liberdade(s) que queremos ver garantida a todos quantos, na fruição do direito inalienável à opinião e à adoção de comportamentos que, respeitando os outros, não são, necessariamente replicações do status quo,  importa perceber que o conceito abstrato de justiça, não pode, se adulterado, colidir nem comprometer uma convivência harmoniosa e saudável neste tempo que nos é dado a viver.
Porque, a todos, importa garantir um desenvolvimento mais efetivo, promotor de melhoria das condições e da qualidade de vida, das relações e das interações estabelecidas, a assunção de que, também nós, por vezes, somos responsáveis, protege e acautela a correta efetivação da justiça.

terça-feira, 10 de março de 2015

Hoje

Inicio, hoje, de modo despretensioso, mas ousado, um novo caminho de aproximação às palavras, ao pensamento, à utopia da vontade, que me embriaga a razão e adensa a dicotomia entre o nada que sou e a importância que procuro ter na construção do presente, como se não soubesse ser caduco, na forma, no pensamento, na vida.
Ensaio, agora, uma pequena reflexão sobre o hoje, evocando um tempo, já passado, mas tão presente, que tive o privilégio de viver, de partilhar, de me apropriar, de considerar meu, desprezando-o, não obstante, como se fosse uma realidade paralela, supérflua, extrínseca.

Haverá novo tempo, amanhã.