“
Corrigimos a tua obra, baseando-a no milagre, no mistério e na autoridade.”
Quando
Dostoiévski, na obra Os Irmãos Karamazov nos descreve o encontro de Jesus com o
Grande Inquisidor, somos forçados a viver uma experiência subjetiva, emocional,
que nos captura e nos força a viajar.
Percebemos,
então, quão confusa pode ser a interpretação e a vivência de uma matriz social,
ideológica e política.
A
propósito das emoções e da viagem que invoco, atrás, constato que, não obstante
o direito constitucional à educação e à cultura, não fosse a referência à
fruição da criação artística, não seria possível vislumbrar na maioria dos
documentos e textos que nos são disponibilizados, quer em sede de proposta quer
em sede de programa ou plano de ação, a relevância e a importância que tem e
deve ser legada à cultura, à arte e à sua criação.
Perceber
que para além dos fenómenos económicos da criação de riqueza, da distribuição
da mesma, da poupança e do consumo, mesmo num tempo de exageros, de disrupção e
de propensão para o supérfluo, é fundamental, na definição das políticas de
prossecução da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e da fruição do direito
à igualdade de oportunidades de acesso à efetivação de um quotidiano digno,
enriquecedor e feliz, estimular as experiências intelectuais condicionadas pelo
acesso à educação e à cultura de modo mais extenso e “sério”, catalisa de modo
substantivo a esperança num futuro mais solidário, tolerante, livre e justo.