Confesso
que me comovem os Homens simples, de imagem e postura esculpidas no ateliê do
sorriso fácil e olhar expressivo, ávidos de atenção, de momentos de subversão
do status da ausência, dolorosa, porque decorrente da indiferente presença de
outros, de confusa proveniência, mas de diversa proeminência, postura, e até, prepotência.
Esses,
os que me comovem, cujo tempo socalca o rosto, endurece a pele, subtrai o
esmalte e ofusca o brilho, mendigam o tempo, de partilha, comunhão,
participação.
Presentes,
estão ausentes, ocupados em tarefas importantes, relevantes, que não dispensam
o uso da mão, gretada e forte, desses, ausentes, sempre presentes, mendigos do
tempo, de atenção, reconhecimento, gratidão.
Esses,
os que me comovem, ocupam o espaço, vazio, na multidão da indiferença, olham em
redor, com olhar expressivo, e percebem a ausência da consciência da sua
presença, são nada, nadas, numa solitária existência, individual ou adicionada,
mas cuja soma é, invariavelmente, nada.
Suceder-se-ão
os dias, os meses, os anos, e esses, os que me comovem, limitados no tato, no
afeto, na atenção, continuarão a ver subtraída a razão adstrita à nobre ilusão
de, sendo o que são, serem, como os outros, parcelas de uma mesma adição.
Aos
Homens simples