segunda-feira, 8 de junho de 2015

Da ortodoxia da 1.ª pessoa à ausência de métrica

Chego, sem convite, sem me anunciar
De modo, ora brusco, ora devagar
Surpreendo, perturbo, chego a acriançar
Ninguém, não importa o género, consegue ignorar

Chego, violentamente, mas sem magoar
Promovo mudanças, condiciono tudo, chego a abusar
Confesso, sou a responsável, não posso negar
Acusam-me, acusam-me até, de quase matar

Invocam o meu nome, não posso evitar
Quando me maltratam, fico a pensar
Cometem um erro, não posso alertar
Se me evocarem, posso lacerar

Terrível rotina, ouço comentar
Esgotei o meu tempo, dizem, a soluçar
Não, não acredito, não posso acreditar
Um dia regresso, e quero ficar


Paixão – Jorge Ventura

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