sábado, 10 de outubro de 2015

Cultura, razão e emoção

“ Corrigimos a tua obra, baseando-a no milagre, no mistério e na autoridade.”
Quando Dostoiévski, na obra Os Irmãos Karamazov nos descreve o encontro de Jesus com o Grande Inquisidor, somos forçados a viver uma experiência subjetiva, emocional, que nos captura e nos força a viajar.
Percebemos, então, quão confusa pode ser a interpretação e a vivência de uma matriz social, ideológica e política.
A propósito das emoções e da viagem que invoco, atrás, constato que, não obstante o direito constitucional à educação e à cultura, não fosse a referência à fruição da criação artística, não seria possível vislumbrar na maioria dos documentos e textos que nos são disponibilizados, quer em sede de proposta quer em sede de programa ou plano de ação, a relevância e a importância que tem e deve ser legada à cultura, à arte e à sua criação.

Perceber que para além dos fenómenos económicos da criação de riqueza, da distribuição da mesma, da poupança e do consumo, mesmo num tempo de exageros, de disrupção e de propensão para o supérfluo, é fundamental, na definição das políticas de prossecução da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e da fruição do direito à igualdade de oportunidades de acesso à efetivação de um quotidiano digno, enriquecedor e feliz, estimular as experiências intelectuais condicionadas pelo acesso à educação e à cultura de modo mais extenso e “sério”, catalisa de modo substantivo a esperança num futuro mais solidário, tolerante, livre e justo.