Conquistámos
mundos, novos mundos, transpusemos obstáculos, cruzámos cabos, tormentas, rasgámos
mares, desventrámos oceanos, perseguimos luas, planetas, galáxias, desejamos
ver, captar imagens, percecionar estímulos, violar fronteiras, vencer o opaco.
Temos
pressa, urgência, de conquistar o espaço, os espaços, animados, inanimados,
reais, ilusórios, acreditamos que “ uma imagem vale mais que mil palavras”, como
pensava Confúcio.
Vemos
e ouvimos, rápido, muito rápido, ignorando que o que nos chega através dos
sentidos são “realidades” em bruto, “imagens” vazias, ocas, desprovidas de
sentido, propriedade, coerência, congruência, alma, nomeação, identidade.
Somos
nós, porque pensamos, logo, porque existimos, carregando referenciais, num
cartesianismo empírico, que construímos, damos corpo, alma, nomeação,
identidade, expressão, tangibilidade, ajudados pela luz, fonte de vida, que nos
ilumina os dias e dá cor ao vácuo.
Somos
nós que lemos um livro, observamos uma TAC, olhamos o céu, que lhe conferimos
verdade, cor, corpo.
Uma
palavra pode valer mais que mil imagens.
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