Inexoravelmente,
enquanto me ocupo da redação do pequeno texto, agora, partilhado, o tempo, o
meu tempo, graciosamente doado, legado, adicionado a uma soma de aferição difícil,
de finitude axiomática ou, de infinitude dogmática, vai sendo consumido, à
imagem do oxigénio, fonte de energia e de vida, celular, pluricelular, complexa,
humana, que, concomitantemente inspiro, consumo, transformo num metabolismo tão
assintomático quanto a álgebra do tempo.
Distraído,
não equaciono as variáveis enunciadas, traduzidas pelo volume de oxigénio
consumido por unidade de tempo, porquanto parecem não importar, como se fossem
extrínsecas à vida, ao tempo, ao teorema da existência, de demonstração e aplicação
complexas.
Vivo,
sobrevivo, alheado, afastado, distante do que é importante, determinante,
fundamental, vital.
Distraído,
continuo o caminho, acreditando que a vida, se regulará por si, onde o eu, não
se distinguirá de uma realidade metafísica, ontológica, concebida como tendo
uma natureza comum, inerente à condição de ser, enquanto ser, independente de
mim.
Distraído,
distancio-me, num afastamento contínuo, do que importa, do que alicerça a
individualidade, a vontade, a razão, de ser, de sentir, de ganhar e de perder, corolários
óbvios do que significa viver.
Será o
fado, o meu fado, o destino, que me traz à memória a importância da décima nona
letra do alfabeto, alicerce da tantas vezes cantada, traduzida, vivida convicção
de que o tempo, não obstante adicionado, pode ser apenas, passado.
Prosa
à Saudade.
Sem comentários:
Enviar um comentário