domingo, 31 de maio de 2015

(Des)materialização da imagem

Conquistámos mundos, novos mundos, transpusemos obstáculos, cruzámos cabos, tormentas, rasgámos mares, desventrámos oceanos, perseguimos luas, planetas, galáxias, desejamos ver, captar imagens, percecionar estímulos, violar fronteiras, vencer o opaco.
Temos pressa, urgência, de conquistar o espaço, os espaços, animados, inanimados, reais, ilusórios, acreditamos que “ uma imagem vale mais que mil palavras”, como pensava Confúcio.
Vemos e ouvimos, rápido, muito rápido, ignorando que o que nos chega através dos sentidos são “realidades” em bruto, “imagens” vazias, ocas, desprovidas de sentido, propriedade, coerência, congruência, alma, nomeação, identidade.
Somos nós, porque pensamos, logo, porque existimos, carregando referenciais, num cartesianismo empírico, que construímos, damos corpo, alma, nomeação, identidade, expressão, tangibilidade, ajudados pela luz, fonte de vida, que nos ilumina os dias e dá cor ao vácuo.
Somos nós que lemos um livro, observamos uma TAC, olhamos o céu, que lhe conferimos verdade, cor, corpo.
Uma palavra pode valer mais que mil imagens.


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